10/01/2012

UMBANDA

Vou tentar falar, exclusivamente, sobre a Umbanda, suas entidades (Exu, Caboclos, Pretos-Velhos e Crianças) e os Orixás nela cultuados (Oxalá, Ogum, Oxóssi, Xangô, Obaluaiê, Iansã, Oxum, Iemanjá e Nanã). Na Umbanda, costuma-se usar, para cultuar os Orixás ou preparar os altares (gongar), as imagens de santos católicos por causa do sincretismo; por este motivo, aqui vou usar estas imagens.



Antes de entrar neste assunto quero escrever algo muito importante: As pessoas têm que aprender a separar o "homem" da Religião, pois quando há uma decepção, isto ocorre porque o líder religioso não está preocupado com a vontade de Deus, mais sim com seu próprio proveito, e isto é problema do "homem" e não da Religião; portanto, não abandonem a Religião que você se sente bem por causa deste ou daquele líder religioso. 

Falando pela Umbanda, é uma religião linda, do bem, que nos aproxima do Criador. Os Pretos-Velhos não vem a Terra para trazer discórdia, muito menos os Exus que vocês verão adiante que não tem nada a ver com diabo ou seja lá o que inventam; as crianças (Êres) são puros e os Caboclos são de grande sabedoria. 

Quando uma pessoa conversa com uma entidade, sendo uma Entidade de Luz, ela sairá mais confortada na sua dor, no seu problema. Se alguma entidade deixar qualquer consulente mais confuso ou perturbado, pode ter certeza que não é uma Entidade de Luz e sim um espírito atrasado em sua evolução que finge ser uma entidade de Luz, e isto acontece porque o médium não está bem desenvolvido e o dirigente ou "pai/mãe de santo" não quer ver o que se passa a sua volta. 

SÓ DEUS (ZAMBI) FAZ MILAGRES, as Entidades limpam sua aura, abrem seus caminhos e lhe dão uma palavra de conforto para que você tenha força para seguir em frente e para que as coisas que são suas por merecimento venham mais rápidos, o que não é do seu caminho nunca virá. 


A UMBANDA
A marca mais característica da Umbanda, uma religião surgida no Brasil no final do século XIX e início do século XX, é a manifestação de entidades espirituais, por meio da mediunidade de incorporação. Os primeiros espíritos a "baixar" nos terreiros de Umbanda foram aqueles conhecidos como Caboclos e Preto-velhos, a seguir surgiram outras formas de apresentação como as Crianças, conhecidas, variadamente, como Erês, Cosme e Damião, Dois-dois, Ibejis. Essas três formas, Crianças, Caboclos e Preto-velhos, podem ser consideradas as principais porque resumem vários símbolos: representam, por exemplo, as raças formadoras do povo brasileiro - indígenas, negros e brancos europeus - e também representam as três fases da vida - a criança, o adulto e o velho - mostrando a dialética da existência. Além disso, trazem valores de pureza e alegria na Criança; simplicidade e fortaleza no Caboclo e a sabedoria e humildade dos Preto-velhos, mostrando o caminho para a evolução espiritual dos sentimentos, do corpo físico e da mente.

Na Umbanda os Orixás são energias, forças da natureza que estão presentes em todos os lugares, influenciando as pessoas e irradiando energias que mantém o equilíbrio natural dos elementos em relação ao universo.


Uma interpretação mais objetiva coloca os Orixás como energias emanadas da divindade, como subdivisões da unidade perfeita de Deus e não, como muitos pensam, como espíritos que progrediram muito espiritualmente, não necessitando mais do processo reencarnatório, e que para darem continuidade no seu progresso espiritual possuem como missão organizar e orientar uma rede de espíritos com menos progresso espiritual do que eles, ajudando-os a progredirem espiritualmente. Estes espíritos são, na verdade, os guias espirituais.

Cada pessoa está ligada a um desses Orixás e suas características são encontradas em seus filhos, seja na forma física ou, mais evidente, nas características psicológicas e comportamentais a qual a pessoa está relacionada.

Os elementos nos quais se manifestam os Orixás cultuados na Umbanda são:
Oxalá: Onipresente,
Ogum: estradas e campinas,
Oxóssi: nas matas,
Xangô: pedreiras,
Oxum: cachoeiras,
Iansã: ventos e tempestades,
Iemanjá: no mar,
Obaluaiê: na terra,
Nanã: nas águas paradas e da lama dos fundos dos rios e lagos, além da água das chuvas.

Com a expansão da Umbanda, muitas entidades apareceram, como os Baianos, Boiadeiros, Marinheiros e outras, sem falar de Exu, outro grande ícone umbandista.

Podemos dizer que todas as entidades de Umbanda, especialmente as Crianças, Caboclos e Preto-Velhos, são espíritos ancestrais que estão ligados, cada um, a um Orixá. Assim, as crianças trazem a vibração dos Orixás Ibeji, conhecidos na Umbanda Esotérica como Yori; os Preto-velhos vêm sob as vibrações dos Orixás Obaluaiê, Nana Burukum ou Yorimá e os Caboclos podem ser de Oxossi, Xangô, Ogum etc. Também é preciso falar que existem os chamados cruzamentos vibratórios em que uma entidade de Ogum, por exemplo, pode trazer também as forças de outro orixá, como Ogum Yara que além das forças de Ogum, movimenta também as forças dos Orixás das águas, como Yemanjá, Oxum.

TENDA E TERREIRO

A diferença entre "Tenda" e "Terreiro": a partir de 1904, começaram a surgir no Rio de Janeiro várias casas de Umbanda denominadas de "tendas". O termo tenda era utilizado para designar e distinguir a forma de culto adotado. Tenda era a casa de Umbanda que era estabelecida em um sobrado, ou seja, no alto, pois era comum naquela época realizar sessões nestes lugares. Como exemplo, Tenda do Caboclo-Mirim, Tenda do Caboclo da Lua, Tenda de Ogun Megê e assim sucessivamente.Já o termo terreiro foi adotado para designar aquelas casas que eram estabelecidas no chão. Daí serem classificadas de "Terreiro de Umbanda". O terreiro foi muito mais difundido do que as tendas devido ao próprio espaço oferecido para culto e foi com esse tipo de associação religiosa que a Umbanda conquistou boa posição no país.




EXU


NATUREZA E INCORPORAÇÃO DE EXUS
Essa Entidade não deve ser confundida com obsessores, apesar de ficar sob o seu controle e comando os espíritos atrasadíssimos na evolução e que são orientados pelos Exus para que consigam a evolução através de trabalhos espirituais feitos para o bem.

Sua função mítica é a de mensageiro, o que leva os pedidos e oferendas dos homens aos Orixás, já que o único contato direto entre essas diferentes categorias só acontece no momento da incorporação, quando o corpo do ser humano é tomado pela energia e pela consciência do seu Exu.

É ele quem traduz as linguagens humanas para a das divindades. Por isso, é imprescindível a presença dele para a realização de qualquer trabalho, porque é o único que efetivamente assegura em uma dimensão o que está acontecendo na outra, abrindo os caminhos para os Orixás se aproximarem dos locais onde estão sendo cultuados.
O poder de comunicar e ligar, confere a ele também o oposto, a possibilidade de desligar e comprometer qualquer comunicação. Se, possibilita a construção, também permite a destruição. Esse poder foi traduzido mitologicamente no fato de Exu habitar as encruzilhadas, cemitérios, passagens, os diferentes e vários cruzamentos entre caminhos e rotas, e ser o senhor das porteiras, portas de entradas e saídas.

Os Exus são confundidos com os Kiumbas, que são espíritos trevosos ou obsessores, são espíritos que se encontram desajustados perante à Lei, provocando os mais variados distúrbios morais e mentais nas pessoas, desde pequenas confusões, até as mais duras e tristes obsessões.

O verdadeiro Exu não faz mal a ninguém, mas joga para cima de quem merece, quem realmente é mau, o mau de volta através da força dele. Ele devolve, às vezes até com mais intensidade os trabalhos malignos que alguns fizeram contra outros.

Alguns Exus foram pessoas como políticos, médicos, advogados, trabalhadores, vadios, prostitutas, pessoas comuns, padres etc, que cometeram alguma falha e escolheram - ou foram escolhidos para - a vir nessa forma a fim de redimir seus erros passados

Em seus trabalhos de magia, Exu corta demandas, desfaz trabalhos malignos, feitiços e magia negra, feitos por espíritos obscuros, sem luz (Kiumbas). Ajudam a limpar, retirando os espíritos obsessores e os encaminhando para luz ou para que possam cumprir suas penas em outros lugares do astral inferior.

Não se deve, entretanto, confundir um verdadeiro Exú com um espíritos zombeteiros, mistificadores, obsessores ou perturbadores, que recebem a denominação de Kiumbas e que, às vezes, tentam mistificar, iludindo os presentes, usando nomes de "Guias".

No sincretismo Judaico-Cristão Exu foi associado a imagem de Santo Antônio, mas pejorativamente, por suas características e cores, foi associado também ao Diabo, a Satanás. Essa é uma associação que é, além de injusta, é ignorante, pois Exu é o próprio sentido da vida, da criação, do amor, do bem viver.
Correntes antigas, Esotéricas, montaram uma hierarquia para os Exus (Guias), relacionando 7 (sete) Exus (Guias) principais, considerados como os 7 (sete) chefes de Legião, que comandam e coordenam outros Exus (Falanges), sendo que cada um de seus comandados também comandam mais 7, seguindo uma ordem hierárquica de cima para baixo de 7 em 7.


São eles os 7 Exus guardiões ou principais:
Sr. Sete Encruzilhadas;
Sr. Marabô;
Sr. Tranca Ruas;
Sr. Tiriri;
Sr. Gira Mundo;
Sr. Veludo;
Sra. Pomba-Gira ou Pombajira.

Cada um desses amigos trabalha dentro das 7 (sete) linhas da UMBANDA, lutando contra o mal e ajudando as pessoas.

Pomba-gira ou pombajira, por vezes grafada pombagira, é um Exu-fêmea, é uma entidade que trabalha na Umbanda, na linha de esquerda e é uma entidade que tem em sua atuação central a sexualidade e a magia.

Suas oferendas são inúmeras, sempre acompanhadas de champagne de boa qualidade, bons vinhos, bebidas fortes como o gim, Bourbon, anis e em isolados casos a pinga. A ela são oferecidos cigarrilhas e cigarros de boa qualidade, rosas vermelhas, sempre em numero impar, mel, licor de anis (uma de suas bebidas preferidas), espelhos, enfeites, jóias, bijuterias de boa qualidade, anéis, batons, perfumes, enfim todo o aparato que toda mulher gosta e preza.

Muito pouco se conhece sobre a entidade Pomba-gira, mas o nome Pomba-gira tem sido muito mal empregado por religiões diversas, cujo deturpam as condições fundamentais de cada entidade de Umbanda, a Justiça e a Lei de Deus. Muitos seres podem se alto nominar Pomba-gira, mas a verdadeira Pomba-gira de Lei, como são chamadas na Umbanda, são só as que tem e seguem princípios dos tronos de Deus, os sagrados Orixás.

Os Exus estão divididos em 3 grandes linhas: Cemitério, Encruzilhada e Estrada.
Exus do Cemitério: É formada por Exus sérios, em sua maioria servidores de Omulú (Rei do Cemitério). Não costumam dar consulta, se apresentam principalmente em grandes obrigações, trabalhos e descarregos. Ex: Sr. João Caveira; D.Maria Quitéria; D.Rosa Caveira; Sr. 7 Catacumbas; Sr. 7 Facas, etc.

Exus da Encruzilhada: Esta linha é formada por Exus que servem a Orixás diversos. Não são brincalhões como os Exus da estrada, mas também não são tão fechados como os do cemitério. Gostam de dar consulta e também de participar em obrigações e descarregos. Alguns deles se aproximam muito (em suas características) da linha do cemitério, são os que chamamos de "Encruza pesada", enquanto outros se aproximam mais da linha da estrada, "Encruza leve". Ex: Sr.Tranca Rua; Sr. Veludo; D. 7 Encruzilhadas; Sr. 7 Encruzilhadas; D. Maria Mulambo; D. Maceió; etc.

Exus da Estrada: São os mais "brincalhões". Suas consultas são sempre recheadas de boas gargalhadas, porém é bom lembrar que como em qualquer consulta com um guia incorporado, o respeito deve ser mantido e sendo assim estas "brincadeiras" devem partir SEMPRE do guia e nunca do consulente. São os guias que mais dão consultas em uma gira de Exu, se movimentam muito e também falam bastante, alguns chegam a dar consulta a várias pessoas ao mesmo tempo. Nesta linha trabalham vários espíritos, desde os Exus da estrada propriamente dita, como também os Cíganos e a malandragem. Também se encaixam nesta linha alguns espíritos, que apesar de já terem atingido um certo grau de evolução, optaram por continuar sua jornada espiritual trabalhando como Exus (Exu Mangueira, Exu do Tempo, etc.). Ex: D. Maria Padilha; Sr. Zé Pelintra; D. Rosa Vermelha; Sr. Tiriri; D. Cigana/Ciganhiha, etc.



CABOCLOS
Caboclos são as almas de todos os índios antes e depois do descobrimento e da miscigenação.Constituem o braço forte da Umbanda, muito utilizados nas sessões de desenvolvimento mediúnico, curas (através de ervas e simpatias), desobsessões, solução de problemas psíquicos e materiais, demandas materiais e espirituais e uma série de outros serviços e atividades executados nas tendas.

Há caboclos da praia, do mar e das ondas, das pedreiras, das cachoeiras, dos rios etc., cujos elementos se associam mais aos outros Orixás que a Oxossi.

É também do linguajar de caboclo, que não cai uma folha da jurema (da mata), sem ordem de Oxalá, ou seja, que tudo na vida tem motivo e que nossas ações são registradas na lei de causa-e-efeito, ou lei do karma. Mas isso não significa ficar passivo, esperando o pior acontecer. Os Caboclos também ensinam a termos coragem e a sermos guerreiros na vida, lutando pelo que é justo e bom para todos. No que é possível, os caboclos nos ajudam a entrar na macaia (a mata que simboliza a vida), a cortar os cipós do caminho (vencer as dificuldades) e, se preciso, caçar os bichos do mato (vencer as interferências espirituais negativas).

É de se salientar, porém, que a Umbanda, é praticada somente no Brasil e, assim sendo, agrupou espíritos que, embora em suas encarnações tenham vivido em outros países, espiritualmente se identificam perfeitamente na vibração, no modo de vida quando encarnados. Assim, nas Falanges diversas de Caboclos encontramos não só os índios que habitam o nosso Brasil, mas também os que viveram nos Estados Unidos da América do Norte, os Astecas e Maias na América Central, os Incas no Peru, e demais indígenas que povoaram a América do Sul.

Usam em seus trabalhos ervas que são passadas para banhos de limpeza e chás para a parte física, ajudam na vida material com trabalhos de magia positiva, que limpam a nossa aura e proporcionam uma energia e força que irá nos auxiliar para que consigamos o objetivo que desejamos, não existem trabalhos de magia que concedam empregos e favores, isso não é verdade. O trabalho que eles desenvolvem é o de encorajar o nosso espírito e prepará-lo para que nós consigamos o nosso objetivo.

Formas Incorporativas e Especialidade Dos Caboclos:

Caboclos de Oxum Geralmente são suaves e costumam rodar, a incorporação acontece principalmente através do chacra cardíaco. Trabalham mais para ajuda de doenças psíquicas, como: depressão, desânimo entre outras. Dão bastante passe tanto de dispersão quanto de energização. Aconselham muito, tendem a dar consultas que façam pensar; Seus passes quase sempre são de alívio emocional.

Caboclos de Ogum Sua incorporação é mais rápida e mais compactada ao chão, não rodam. Consultas diretas, geralmente gostam de trabalhos de ajuda profissional. Seus passes são na maioria das vezes para doar força física, para dar ânimo.

Caboclos de Yemanjá Incorporam de forma suave, porém mais rápidos do que os de Oxum, rodam muito, chegando a deixar o médium tonto. Trabalham geralmente para desmanchar trabalhos, com passes, limpeza espiritual, conduzindo essa energia para o mar.

Caboclos de Xangô São guias de incorporações rápidas e contidas, geralmente arriando o médium no chão. Trabalham para: emprego; causas na justiça; imóvel e realização profissional. Dão também muito passe de dispersão. São diretos para falar.

Caboclos de Nanã Assim como os Pretos-velhos são mais raros, mas geralmente trabalham aconselhando, mostrando o karma e como ter resignação. Dão passes onde levam eguns que estão próximos. Sua incorporação igualmente é contida, pouco dançam.

Caboclos de Iansã São rápidos e deslocam muito o médium. São diretos para falar e rápidos também, muitas das vezes pegam a pessoa de surpresa. Geralmente trabalham para empregos e assuntos de prosperidade, pois Iansã tem grande ligação com Xangô. No entanto sua maior função é o passe de dispersão (descarrego). Podem ainda trabalhar para várias finalidades, dependendo da necessidade.

Caboclos de Oxalá Quase não trabalham dando consultas, geralmente dão passe de energização. São "compactados" para incorporar e se mantém localizado em um ponto do terreiro sem deslocar-se muito. Sua principal função é dirigir e instruir os demais Caboclos.

Caboclos de Oxossi São os que mais se locomovem, são rápidos e dançam muito. Trabalham com banhos e defumadores, não possuem trabalhos definidos, podem trabalhar para diversas finalidades. Esses caboclos geralmente são chefes de linha.

Caboclos de Obaluaiê São espíritos dos antigos "pajés" das tribos indígenas. Raramente trabalham incorporados, e quando o fazem, escolhem médiuns que tenham Obaluaiê como primeiro Orixá. Sua incorporação parece um Preto-velho, em algumas casas locomovem-se apoiados em cajados. Movimentam-se pouco. Fazem trabalhos de magia, para vários fins.


BOIADEIROS
São
espíritos de vaqueiros, posseiros, capatazes, cangaceiros, boiadeiros, laçadores, peões, tocadores de viola e espíritos afins. Foi o mestiço brasileiro, filho de branco com índio, índio com negro e assim vai. Vem sempre dentro da corrente dos Caboclos, gritando e agitando os braços como se possuísse na mão, um laço para laçar um novilho. Sua dança simboliza o peão sobre o cavalo a andar nas pastagens. Sabem que a prática da caridade os levará a evolução.

Fazem parte da linha de caboclos, mais na verdade são bem diferentes em suas funções. Para algumas correntes de pensamento umbandista, esses espíritos já foram Exus e, numa transição dos seus graus evolutivos, hoje se manifestam como caboclos boiadeiros.

Essa é a interpretação mais aceitável, pois muitos desse espíritos que hoje se manifestam nesta linha de trabalhos espirituais realmente já trabalharam sob a irradiação de Exu, que os acolheu e direcionou, pois na Umbanda Sagrada Exu é mais um dos seus graus evolutivos.

Mas muitos desses caboclos boiadeiros nunca foram Exus e sim, atuam nas linhas cósmicas dos sagrados Orixás. É uma linha muito poderosa e muito numerosa no mundo espiritual e seus caboclos atuam nas sete linhas de Umbanda.

São rudes nas suas incorporações, com gestos velozes e pouco harmoniosos. Sua maior finalidade não é a consulta como os Preto-velhos, nem os passes e muito menos as receitas de remédios como os caboclos, e sim o "dispersar de energia" aderida a corpos, paredes e objetos. É de extrema importância essa função pois enquanto os outros guias podem se preocupar com o teor das consultas e dos passes, existe essa linha "sempre" atenta a qualquer alteração de energia local (entrada de espíritos).

Quando bradam alto e rápido, com tom de ordem, estão na verdade ordenando a espíritos que entraram no local a se retirar, assim "limpam" o ambiente para que a prática da caridade continue sem alterações, já que a presença desses espíritos muitas vezes interfere nas consultas de médiuns conscientes. Esses espíritos atendem a boiadeiros pela demonstração de coragem que os mesmos lhes passam e são levados por eles para locais próprios de doutrina.

Trabalham também para Orixás, mais mesmo assim, não mudam sua finalidade de trabalho e são muito parecidos na sua forma de incorporar e falar, ou seja, a energia emanada pelo Orixá para quem trabalha é apenas um critério interno e obrigatório dentro do próprio "Ori". Exemplificando essa idéia: Um boiadeiro que trabalhe para Ogum é praticamente igual a um que trabalhe para Oxossi, apenas cumprem ordens de Orixás diferentes, não absorvendo, no entanto as características deles.

Dentro dessa linha a diversidade encontra-se na idade dos boiadeiros. Existem boiadeiros mais velhos, outros mais novos, e costumam dizer que pertencem a locais diferentes, como Nordeste, Sul, Norte, Centro-Oeste, etc.Seu dia é quinta feira, gosta de bebida forte como, por exemplo, cachaça com mel de abelha, que eles chamam de meladinha, seu prato preferido é carne de boi com feijão tropeiro, feito com feijão de corda ou feijão cavalo, também gostam muito de abóbora com farofa de torresmo

Devemos levar nas obrigações (agrados) para Boiadeiro um pedaço de pano vermelho, para representar o lenço do pescoço, um pedaço de corda virgem, e é sempre bom colocar um pedaço de fumo de rolo e cigarro de palha.



PRETO-VELHO (Vovô. Vovó, Tios e Tias)
Eles representam a força, a resignação, a sabedoria, o amor e a caridade. São um ponto de referência para todos aqueles que necessitam: curam, ensinam, educam pessoas e espíritos sem luz.

Sua forma de incorporação é compacta, sem dançar ou pular muito. A vibração começa com um "peso" nas costas e uma inclinação de tronco para frente, e os pés fixados no chão. Se locomovem apenas quando incorporam para as saudações necessárias (atabaque, gongá e Babá) e depois sentam e praticam sua caridade. Podemos encontrar alguns que se mantém em pé. É possível ver Preto-Velhos dançando, mais esse dançando é sutíl, apenas com movimentos dos ombros ou quando sentados, com as pernas.Essa simplicidade se expande, tanto na sua maneira de ser e de falar. Usam vocabulário simples, sem palavras rebuscadas. Sua maneira carregada de falar é para dar idéia de antiguidade.

Além disso os Preto-Velhos nos ajudam a enxergar que a prática da caridade, é vital para nossa evolução espiritual. A linha é um todo, com suas características gerais, ditas acima, mais como cada médium possui uma coroa diferente, isso determina as diferenças entre os Preto-Velhos. Essas diferenças ocorrem porque Preto-velhos são trabalhadores de orixás e trazem para sua forma de trabalho a essência daquela força da natureza para quem eles trabalham.

Essas diferenças são primeiramente evidenciadas na maneira de incorporação.Não é só na forma física que devemos observar as diferenças, mais também a maneira de trabalhar e a especialidade dele.

PRETO-VELHOS DE OGUM =
São mais rápidos na sua forma incorporativa e sem muita paciência com o médium e às vezes com outras pessoas que estão cambonando e até consulentes. São diretos na sua maneira de falar, não enfeitam muito suas mensagens, às vezes parece que estão brigando, para dar mesmo o efeito de "choque", mais são no fundo extremamente bondosos tanto para com seu médium e para as outras pessoas. São especialistas em consultas encorajadoras, ou seja, mera dose de coragem e segurança para aqueles indecisos e "medrosos". É fácil pensar nessa característica pois Ogum é um Orixá considerado corajoso.

PRETO-VELHOS DE OXUM = São mais lentos na forma de incorporar e até falar. Passam para o médium uma serenidade inconfundível. Não são tão diretos para falar, enfeitam o máximo a conversa para que uma verdade dolorosa possa ser escutada de forma mais amena, pois a finalidade não é "chocar" e sim, fazer com que a pessoa reflita sobre o assunto que está sendo falado. São especialistas em reflexão, nunca se sai de uma consulta de um Preto-velho de Oxum sem um minuto que seja de pensamento interior.

PRETO-VELHOS DE XANGÔ = São raros de ver. Sua incorporação é rápida como as de Ogum. Assim como os caboclos de Xangô, trabalham para causas de prosperidade sólida, bens como casa própria, processo na justiça e realizações profissionais. Passam seriedade em cada palavra dita. Cobram bastante de seus médiuns e consulentes.

PRETO-VELHOS DE INHASÃ = São rápidos na sua forma de incorporar e falar. Assim como os de Ogum, não possuem também muita paciência para com as pessoas. Esses Preto-velhos retribuem ao médium principalmente a defesa, são rápidos na ajuda. Se cobram a honestidade do seu médium no momento da consulta, não admitem que desconfiem dele (médium). Mesmo assim eles também possuem uma especialidade. Geralmente suas consultas são de impacto, trazendo mudança rápida de pensamento para a pessoa. São especialistas também em ensinar diretrizes para alcançar objetivos, seja pessoal, profissional ou até espiritual. Entretanto, é bom lembrar que sua maior função é o descarrego. É limpar o ambiente, o consulente e demais médiuns do terreiro, de eguns ou espíritos de parentes e amigos que já se foram.

PRETO-VELHOS DE OXOSSI = São os mais brincalhões, suas incorporações são alegres e um pouco rápidas. Esses Preto-velhos geralmente falam com várias pessoas ao mesmo tempo. Possuem uma especialidade: A de receitar remédios naturais, para o corpo e a alma, assim como emplastos, banhos e compressas, defumadores, chás, etc. São verdadeiros químicos em seus tocos. - Afinal não podiam ser diferentes, pois são alunos do maior "químico" - Oxossi.

PRETO-VELHOS DE NANÃ = São raros. Sua maneira de incorporação é de forma mais envelhecida ainda. Lenta e muito pesada. Enfatizando ainda mais a idade avançada. Falam rígido, com seriedade profunda. Não brincam nas suas consultas e prezam sempre o respeito, tanto do médium quanto do consulente, e pessoas a volta como: cambonos e pessoas do terreiro em geral e principalmente do pai ou da mãe de santo. Não admite injustiça com seu médium. Costumam se afastar dos médiuns que consideram de "moral fraca". Mais prezam demais a gratidão, de uma forma geral. Não são muito abertos a negociação no momento da consulta. Atuam também como os de Inhasã e Omulú, conduzindo Eguns.

PRETO-VELHOS DE OBALUAÊ = São simples em sua forma de incorporar e falar. Exigem muito de seus médiuns, tanto na postura quanto na moral. Defendem quem é certo ou quem está certo, independente de quem seja, mesmo que para isso ganhem a antipatia dos outros. Agarram-se a seus "filhos" com total dedicação e carinho, não deixando no entanto de cobrar e corrigir também. Devido a elevação e a antiguidade do Orixá para o qual eles trabalham, acabam transformando suas consultas em conselhos totalmente diferenciados dos demais Preto-velhos. Esses Preto-velhos são geralmente chefes de linha e assim explica-se a facilidade para trabalhar para vários assuntos. Gostam de contar histórias para enriquecer de conhecimento o médium e as pessoas a volta. Não trabalham para saúde (essa função é do Erê de Obaluaê). Salvo se essa doença for proveniente de "trabalhos feitos - macumba".

PRETO-VELHOS DE YEMANJÁ = São belos em suas incorporações, contudo mantendo uma enorme simplicidade. Sua fala é doce e meiga. Possuem a paciência das mães e a compreensão também. Cobram pouco de seus médiuns, apenas que eles cumpram a caridade sempre por amor nunca por obrigação. Sua especialidade maior é sem dúvida os conselhos sobre laços espirituais e familiares. Gostam também de trabalhar para fertilidade de um modo geral, e especialmente para as pessoas que desejam engravidar. São excelentes para descarregos e passes.

PRETO-VELHOS DE OXALÁ = São bastante lentos na forma de incorporar e tornam-se belos principalmente pela simplicidade contida em seus gestos. Raramente dão consulta, sua maior especialidade é o passe de energização. Cobram também bastante de seus médiuns, principalmente no que diz respeito a prática de caridade, assiduidade no terreiro e vaidade.

CRIANÇAS
São a alegria que contagia a Umbanda. Descem nos terreiros simbolizando a pureza, a inocência e a singeleza. Podemos pedir-lhes ajuda para os nossos filhos, resolução de problemas, fazer confidências, mexericos, mas nunca para o mal, pois eles não atendem pedidos dessa natureza.

Não gostam de desmanchar demandas, nem de fazer desobsessões. Preferem as consultas, e em seu decorrer vão trabalhando com seu elemento de ação sobre o consulente, modificando e equilibrando sua vibração, regenerando os pontos de entrada de energia do corpo humano. Esses seres, mesmo sendo puros, não são tolos, pois identificam muito rapidamente nossos erros e falhas humanas. E não se calam quando em consulta, pois nos alertam sobre eles.

Como no plano material, também no plano espiritual, a criança não se governa, tem sempre que ser tutelada. A Criança na Umbanda é apenas uma manifestação de um espírito cujo desencarne normalmente se deu em idades infanto-juvenis. São barulhentos, embora alguns são bem mais tranqüilos e comportados.

As Crianças da Umbanda tem os nomes relacionados normalmente a nomes comuns, geralmente brasileiros, como Rosinha, Mariazinha, Isabelinha, Ritinha, Pedrinho, Paulinho, Cosminho, etc. Comem bolos, balas, refrigerantes, (normalmente guaraná) e frutas. Os seguintes fatores podem explicar esse comportamento:

1 - O alimento doce, rico em glicose, é utilizado pela entidade em pequenas quantidades para repor rapidamente a energia dos médiuns (devido ao desgaste natural resultante da atividade mediúnica) ou como veículo para a distribuição de fluidos de harmonia e de tratamento entre as pessoas;

2 - O médium, que gosta de comer doces e/ou acha que o espírito em forma de criança tem que comer doces, influencia o comportamento da entidade.

Uma entidade de luz não vai utilizar de alimentos para agredir, desrespeitar ou sujar uma outra pessoa, nos casos em que isso ocorre, vê-se a influência do médium, que se utiliza da manifestação de uma criança para estimular, consciente ou inconscientemente, sua imaturidade e indisciplina. Nos raros casos nos quais a entidade requer que, para a realização de um trabalho, alguma pessoa além do médium seja propositalmente "sujada" com algum alimento, esse procedimento não será realizado sem o consentimento da pessoa em questão.

Quando incorporadas em um médium, gostam de brincar, correr e fazer brincadeiras (arte) como qualquer criança. É necessária muita concentração do médium (consciente), para não deixar que estas brincadeiras atrapalhem na mensagem a ser transmitida.

Algumas crianças incorporam pulando e gritando, outros descem chorando, outros estão sempre com fome, etc. Estas características, que às vezes nos passam desapercebido, são sempre formas que eles têm de exercer uma função específica, como a de descarregar o médium, o terreiro ou alguém da assistência.

Os pedidos feitos a uma criança incorporada normalmente são atendidos de maneira bastante rápida. Entretanto a cobrança que elas fazem dos presentes prometidos também é. Nunca prometa um presente a uma criança e não o dê assim que seu pedido for atendido, pois a "brincadeira" (cobrança) que ela fará para lhe lembrar do prometido pode não ser tão "engraçada" assim.

A festa de Cosme e Damião, santos católicos sincretizados com Ibeiji, à 27 de Setembro é muito concorrida em quase todos os terreiros do pais. Uma curiosidade: Cosme e Damião foram os primeiros santos a terem uma igreja erigida para seu culto no Brasil. Ela foi construída em Igarassu, Pernambuco e ainda existe.

A magia da criança, o elemento e força da natureza correspondente a Ibeji são todos, pois ele poderá, de acordo com a necessidade, utilizar qualquer dos elementos. Eles manipulam as energias elementais e são portadores naturais de poderes só encontrados nos próprios Orixás que os regem.

Trazem consigo também, a força dos quatro elementos primários que é: terra, ar, fogo e água. É perceptível isso quando incorporados, pois percebemos nos infantis da terra uma postura mais sisuda, nos do fogo uns verdadeiros espoletas, nos do ar bastante brincalhões e nos da água são chorões e de certa forma manhosos.

A Falange das Crianças é uma das poucas falanges que consegue dominar a magia. Embora as crianças brinquem, dancem e cantem, exigem respeito para o seu trabalho, pois atrás dessa vibração infantil, se escondem espíritos de extraordinários conhecimentos.

Essa forma de expressão é escolhida para estimular a pureza de coração, característica que devemos estimular em nós mesmos para caminharmos felizes e em paz;

A manifestação de uma entidade na linha das crianças estimula, naturalmente, a "criança interior" do médium; isso é uma oportunidade que o médium tem de entrar em contato com sua pureza de coração, alegria interior e simplicidade. Quando em processo de amadurecimento e aprendizado, no entanto, é natural que os médiuns desabrochem características de sua própria infância terrena ou características reprimidas de sua personalidade. Cabe aos médiuns de sustentação, nos casos em que essas características não se ajustem a um trabalho de caridade que busca a espiritualização do ser, educar o médium com carinho, respeito e compreensão.

A entidade trabalhando na linha das crianças faz trocas de energias com o médium, em grande parte, através do chakra laríngeo. A manifestação através de uma voz aguda é uma conseqüência física da constrição da glote, o que ocorre devido ao trabalho energético na região da garganta. A voz aguda, além de ser uma conseqüência da forma de trabalho das crianças, também faz parte do arquétipo da criança, da caracterização da personalidade na qual a entidade escolheu se expressar.

O papel da linha das almas (pretos-velho e pretas-velha) em relação à linha das crianças tem uma explicação histórica: na época da escravidão, muitos espíritos que desencarnaram como pretas-velha exerciam, na Terra, o papel de "babás", cuidando de muitas crianças. Ao desencarnar, escolheram manter esse papel, trabalhando em colônias espirituais que recebem espíritos cristalizados na forma infantil. Como algumas das entidades de Umbanda que trabalham na linha das crianças também trabalham, precisamente, nessas colônias, elas se utilizam da figura da preta-velha ou do preto-velho para simbolizar a autoridade, o carinho e o respeito de uma figura materna ou paterna.
Os espíritos que trabalham na linha das crianças, assim como na linha de Exu, se ligam com o médium de uma forma muito sutil. Cabe ao médium, através de constantes estudos e exercícios de reforma íntima, disciplina e discernimento, analisar cada vez mais e cada vez melhor sua própria mediunidade, de forma a vivenciar um mediunato responsável, sintonizando-se com espíritos bem-intencionados e trabalhando com o mínimo de influências negativas na comunicação mediúnica.

ORIXÁS NA UMBANDA


OXALÁ

Na Umbanda, Oxalá representa o mais alto na hierarquia dos Orixás, tendo como contraparte nosso Mestre Jesus, o médium supremo. Nos pontos riscados é representado por uma estrela de cinco pontas. Como Orixá na Umbanda, Oxalá se apresenta sob três formas:

1- OXAGUIAN: o Oxalá Menino, que é sincretizado com o Menino Jesus de Praga.
2- OXALUFAN: o Oxalá Velho, sincretizado com Jesus no Monte das Oliveiras.
3- OXALÁ: sincretizado com Jesus Cristo.

Tanto na Umbanda quanto no Candomblé é de Oxalá a tarefa de criação da Humanidade. Por isso a equivalência a Jesus, manifestação máxima de Deus trino: Pai, Filho, Espírito Santo. Além de responsável pelo molde dos primeiros seres humanos na Terra, é considerado também o criador da cultura material.

Oxalá é representado nos gongares por Jesus e é a autoridade suprema na Umbanda. É ele quem ordena aos Orixás que venham ajudar seus filhos por meio dos Guias e Mensageiros que vêm em Terra. Sua imagem é a de Jesus Cristo, sem a cruz e sua cor é branca. Oxalá é considerado o Orixá maior na Umbanda, porque é capaz de atuar em todos os elementos e vibrações através dos outros Orixás.

Éter e Luz: são o elementos e a força da Natureza correspondentes à Linha de Oxalá. Dia da Semana: Sexta-feira.Vibração: atua no chakra coronário.
Cor: Branca, com raios dourados. Cores da Guia: Contas brancas leitosas.

Não há incorporação de Oxalá na Umbanda. Sua ação se manifesta através da fé, da luz, da razão e da paz. Simboliza riqueza, felicidade e fecundidade.
CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE OXALÁ
Os filhos de Oxalá são pessoas tranqüilas, que tendem à calma até nos momentos mais difíceis. São amáveis e pensativos, mas não costumam ser subservientes. São articulados, reservados e às vezes muito teimosos, sendo difícil convencê-los de que estão errados na resolução de um problema. Em Oxalufan, o Oxalá mais velho aparece com a tendência para o debate e a argumentação.

Filhos de Oxalá tem muitas dificuldades no lado do amor, pois em virtude de ser o maior de todos os Orixás, está acima dos demais, possuidor de uma invejável inteligência e românticos extremosos. Através de sua falsa humildade e aparente timidez, são sedutores por excelência. Seu falar é manso, seus movimentos são lentos. Prestativos para com todos, jamais se nega em dar auxilio a qualquer pessoa e nunca diz que "não sabe" sem pelo menos tentar. Tem tendências fortíssimas para criar e inventar. Gosta de viver mais ou menos isolado. Sua tranqüilidade e dignidade lhes impedem de cometer atos desonestos e cada vez que isso acontece se dá mal. Detesta pedir ajuda aos outros e não gosta de ser ajudado.

Uma das características do filho de Oxalá que dificulta seu desenvolvimento é sua irritante timidez e a dificuldade que tem em permanecer em locais com muitas pessoas. É um forte observador e juiz de si mesmo, pois tem consciência dos seus erros. Dificilmente tem inimigos e muito raramente se mete em encrencas. Devota um amor e respeito pela sua mãe, inacreditável. Sua parte vulnerável e mais fraca é a cabeça onde tem distúrbios de visão, rinite e sinusite. Seu sistema nervoso é delicado, pois aparentemente são tranqüilos, mas interiormente são explosivos e por isso buscam ficar isolados e repouso no sono, onde repõem energias.

Filhos de Oxalá não nasceram para serem empregados de ninguém, por isso que como servidores mandados, não são dos melhores, porém quando chegam ao poder de mando ou que tenham seus próprios negócios (proprietários) se dão muito bem, apesar de serem extraordinários planejadores e péssimos executores.


XANGÔ

É cultuado nas montanhas e pedreiras, de preferência onde haja também uma cachoeira, e aceita como oferenda cerveja preta, melão, abacaxi, rabada de boi e é firmado com velas brancas e marrons. Simbolizado pela cor marrom e figurativamente pelo desenho de um machado com dois cortes, seu dia é a quarta-feira. Irradia justiça e racionalidade, flui resignação, obediência e submissão.

Algumas qualidades de Xangô

Xangô Kao (pedreira) - Também é conhecido como Xangô Velho, vibra na cor marrom escuro, simbolizando a pedra antiga na qual foi assentada a justiça, evidenciando a sabedoria que só o tempo e a experiência coroam. Ele atua na pedreira sobre a qual está assentado; o campo florido que recebe as obrigações de Oxalá.

Xangô Alafim-Eché (das matas) - Esta legião trabalha nas pedreiras solitárias dos caminhos ou das matas que servem de assento aos viajantes ou caçadores cansados, como que convidando para a meditação que leva a sabedoria na busca e soluções para os impasses da vida. Suas vibrações auxiliam os oradores, intelectuais, juristas e juízes, pois defendem integralmente a pureza da moral.Vibra na cor branca e marrom, simbolizando a justiça de Oxalá. Aceita obrigações nas pedras solitárias.

Xangô Alufam (das almas) - Esta legião trabalha nas pedras dos rios, mares, cachoeiras, lagos e fontes. Xangô Alufam é considerado o protetor dos pescadores e responsável pela diretriz dos desencarnados, pois possui as chaves do céu.Vibra nas cores branco e marrom. Simbolizando água e a pedra, obrigações em todas as pedras que estejam em contato com a água.

Xangô Agodô (dos rios) - Legião de caboclos que trabalham nas pedras, e que estão dentro dos rios, nos seixos rolados, nas pedras inciaticas e nas pedras batismal.Vibra nas cores brancas e marrons. Suas obrigações são feitas nas pedras dos rios. São Jerônimo quando faz adjuntó com Iansã e São João Batista quando faz adjuntó com Oxum Olobá

Xangô Aganjú (das cachoeiras) - Esta legião de caboclos trabalha nas pedras da cachoeira, simbolizando a harmonia entre o amor e a justiça, ou entre a esposa (Oxum) e o marido (xangô), que significa a dona-de-casa e o homem justo. Vibra nas cores brancas e marrons. Suas obrigações são na pedra da cachoeira, sempre se oferece junto velas amarelas para Oxum.

Xangô Abomi (montanhas) - É uma legião de caboclos que trabalham nas montanhas de pedras preciosas ou de montanhas interligadas como cordilheiras, serras, etc. sua força é muito solicitada nas horas de aflições, quando se perde algo, alem de proteger o casamento.Vibram nas cores brancas e marrons, suas obrigações são nas serras. Quando se pede proteção para o casamento, acende uma vela azul claro para Iemanjá.

Xangô Djacutá (fogo trovão) - É a legião mais conhecido como a do Deus do Trovão o senhor dos raios, coriscos e meteoritos. Djacutá também significa pedra. É o comandante da legião dos caboclos que trabalha na pedra do raio e do meteorito, simbolizando a justiça que vem do alto, ou seja, a justiça cósmica que vem do Deus criador. Sua força é muito solicitada nas horas de aflições e injustiça provocadas por outras pessoas. Vibra nas cores branca e marrom. Aceita obrigações nas grandes pedreiras,

Ayrà ou Xangô Airá, normalmente confundido com Xangô, na verdade é um orixá próprio, que pertence à família de Xangô. Este orixá veste-se de branco, tem profundas ligações com Oxalá, e é o grande homenageado durante a festa do fogo (Isire Ina Ayra) que, no Brasil, comemora-se em 29 de junho.Airá não usa coroa, mas um eketé branco. Suas comidas votivas não são temperadas com dendê, e sim com banha de ori africana. Come quiabos, assim como Xangô e toda a sua família.

Os dias do ano em que é festejado: dia 25 de janeiro (Dia de São Paulo Apóstolo)dia 19 de março (Dia de São José)dia 24 de junho (São João)dia 29 de junho (Dia de São Pedro)dia 30 de setembro (São Jerônimo).

Sua saudação – Kaô kabiecíle! – significa "Venham ver o Rei!"

Suas decisões são sempre consideradas sábias, ponderadas, hábeis e corretas. Ele é o Orixá que decide sobre o bem e o mal. Ele é o Orixá do raio e do trovão.

O filho de Xangô apresenta um tipo firme, enérgico, seguro e absolutamente austero. Sua fisionomia, mesmo a jovem, apresenta uma velhice precoce, sem lhe tirar, em absoluto, a beleza ou a alegria, com certa quantidade de gordura e uma discreta tendência para a obesidade, que se pode manifestar menos ou mais claramente de acordo com os Ajuntós (segundo e terceiro Orixá de uma pessoa). Por outro lado, essa tendência é acompanhada quase que certamente por uma estrutura óssea bem-desenvolvida e firme como uma rocha.

Tenderá a ser um tipo atarracado, com tronco forte e largo, ombros bem desenvolvidos e claramente marcados em oposição à pequena estatura. Tem comportamento medido. É incapaz de dar um passo maior que a perna e todas as suas atitudes e resoluções baseiam-se na segurança e chão firme que gosta de pisar. É tímido no contato mas assume facilmente o poder do mando.

XANGÔ rege, os signos de LEÃO e SAGITÁRIO. Autoritário, dominador, é um líder nato, um guerreiro difícil de ser derrotado, características dos nativos de Leão. Simboliza ainda a lei e a justiça, atributos de Júpiter. É sociável e aproveita o melhor da vida, o que o associa ao signo de Sagitário.

PRECE PARA XANGÔ
Oh! Senhor dos Trovões. Pai da Justiça e da retidão. Orixá que abençoa os injustiçados e castiga os mentirosos e caluniadores. Defenda, meu Senhor, minha casa, minha família dos inimigos ocultos, dos ladrões e dos mentirosos.Oh! Xangô rogo-te as vibrações de amor e misericórdia, Pai da dinastia humana, livra-me de todo escândalo. KAÔ CABIECILE!

OXÓSSI
Oxóssi, do iorubá Òsóòsì, é um orixá da caça e da fartura.

Durante a diáspora negra, muitos escravos que cultuavam Oxóssi não sobreviveram aos rigores do tráfico negreiro e do cativeiro, mas, ainda assim, o culto foi preservado no Brasil e em Cuba pelos sacerdotes sobreviventes e Oxóssi se transformou, no Brasil, num dos orixás mais populares, tanto no candomblé, onde se tornou o rei da nação Ketu, quanto na umbanda, onde é patrono da linha dos caboclos, uma das mais ativas da religião.

Oxossi é o dono de uma das "sete linhas" de santos umbandistas, desdobrada nas legiões de Urubatã, Araribóia, Caboclo 7 Encruzilhadas, Peles Vermelhas (Águia Branca), Tamoios (Grajaúna), Cabocla Jurema e Guaranis (Araúna).

Seu habitat é a floresta, sendo simbolizado pela cor verde, na umbanda. Sendo assim, roupas, guias e contas costumam ser confeccionadas nessa cor, incluindo, entre as guias e contas, no caso de Oxóssi e, também, seus caboclos, elementos que recordem a floresta, tais como penas e sementes.

Os "agrados" a Oxossi são feitos na mata, de preferência sob mangueira ou outra árvore frondosa. Acendem-se velas verdes e deixa-se, além das comidas do santo, vinho tinto. Gosta de milho verde em espiga ou seco a granel, água de coco, eucalipto, girassol. É representado pelos seus falangeiros, caboclos bugres (boiadeiros) e de penas.

Come tudo quanto é caça e o dia a ele consagrado é quinta-feira. Oxossi é sincretizado na Bahia com São Jorge e, no rio de Janeiro, com São Sebastião.

A curiosidade e a observação são características das pessoas consideradas filhas de Oxóssi, orixá também da alegria, da expansão, que gosta de agir à noite, como os caçadores. São faladores, ágeis e de raciocínio muito rápido.

Geralmente, a FILHA desse santo chama a atenção dos homens pelo corpo bonito, com seios, pernas, coxas e quadris fartos. Mas por trás dessa aparência feminina esconde-se uma verdadeira guerreira, disposta a tudo para agarrar o homem de sua vida. É aquela que sustenta qualquer problema de seu companheiro,que está sempre a seu lado e não o deixa cair. Apesar de ter atitudes firmes, que indicam grande auto-suficiência, ela vive à procura de sua outra metade e entrega-se totalmente quando ama. Por isso, exige do homem a mesma coisa e sofre demais por ciúme. Para ela, o companheiro ideal deve ser forte, inteligente e dominador nos assuntos sexuais. Em troca, ela "esquentará" o mais frio dos mortais.

Geralmente, a FILHO desse santo tem muito medo de ser rejeitado pela pessoa na qual está interessado e então espreita bem o seu alvo antes de atirar sua flecha. Não é difícil identificá-lo. Tem aparência tímida e, num grupo, é sempre aquele que ouve muito antes de expressar suas opiniões. Age assim também nos assuntos do coração. Cuidadoso, vai demorar a se declarar, mas, quando o fizer, a mulher se surpreenderá porque encontrará nele um homem expansivo, disposto a cercá-la com tudo o que estiver ao alcance de suas posse. A mulher por quem o filho de Óxóssi se apaixonar nunca passará vergonha, fome ou necessidade. Por ser cuidadoso na escolha da parceira, ele é também hiperciumento. Traí-lo significa perdê-lo. O melhor é cercá-lo de atenções o tempo todo.

Saudação: "Okê arou ! Okê arou! Okê arou !" (do Yorubá: okê – monte. Arô – Título honroso dado aos caçadores) "Salve o maior, o mais alto dos caçadores !" ou "Salve o grande caçador!", juntando-se palmas e assovios, num brado alegre.


OGUM
A origem da palavra OGUM vem da palavra "agaum": salvação, glória, inovação. A salvação que vem de Deus, a glória das vitórias nas batalhas e a inovação, que é a própria força transformadora. Ogum significa, então, a luta que se inicia para que se chegue à transformação. Ele é o ponto de partida, o que vai na frente.

Sem sua permissão e proteção, nenhuma atividade útil, tanto no espaço urbano como no campo, poderia ser aproveitada. Deve ser invocado logo após Exu ser despachado, abrindo caminho para os outros Orixás.
É ele quem vence as demandas mais difíceis para as pessoas. Dono de um gênio terrível é um grande Orixá protetor dos militares e dos ferreiros. Ogum nunca deixa um filho seu sem resposta. Senhor deus da guerra, dono do trabalho porque possui todas as ferramentas como seus símbolos. Dono do ferro e do aço.

Os lugares consagrados a Ogum ficam ao ar livre, na entrada das casas e terreiros. Ogum é representado também por franjas de palmeira ou dendezeiro desfiadas chamadas mariwo que penduradas nas portas ou janelas, representam proteção, cortando as más influências e protegendo contra pessoas indesejáveis.

Ogum é o Orixá da Lei e seu campo de atuação é a linha divisória entre a razão e a emoção. É o Trono Regente das milícias celestes, guardiãs dos procedimentos dos seres em todos os sentidos.

Ogum tem em sua falange, outros Oguns que vem em seu nome, alguns deles se apresentam como : Ogum Megê, Ogum de Lei, Ogum Rompe Mato, Ogum Iara, Ogum Sete Ondas, Ogum Beira Mar, entre outros.

FALANGES DE OGUM
1. OGUM BEIRA-MAR
2. OGUM ROMPE-MATO
3. OGUM MEGÊ
4. OGUM NARUÊ
5. OGUM MATINATA
6. OGUM IARA 7. OGUM DELE (ou de Lei)
OGUM BEIRA-MAR = Na areia do mar é conhecido como Beira-Mar e nas ondas é Ogum Sete Ondas. Suas cores são vermelha e branca. Atua na ronda da Calunga Grande (mar, oceano) e no reino de lemanjá. As oferendas são feitas na areia molhada, sobre um pano branco com bordas vermelhas.

OGUM ROMPE-MATO = Esta falange costuma trabalhar cruzada com Oxossi, nas matas e nas pedreiras, onde também é conhecido como Ogum das Pedreiras, trabalhando cruzado com Xangô. Suas cores são branca e vermelha, algumas vezes verde e vermelho, combinando com o branco. As oferendas para Ogum Rompe-Mato devem ser feitas na entrada da mata; Ogum das Pedreiras recebe suas oferendas em volta de uma pedreira.

OGUM MEGÊ (XOROQUÊ) = Sua falange trabalha na Calunga Pequena (cemitério), na calçada que o cerca, diretamente com as almas. Suas cores são branca e vermelha e suas oferendas devem ser feitas em volta do cemitério.

OGUM NARUÊ = Trabalha basicamente no desmanche da magia negra, dentro da Linha das Almas, exercendo seu domínio sobre as almas quimbandeiras. Suas cores são branca e vermelha e aceita suas oferendas dentro do cemitério ou na mata, em locais consagrados para esses rituais.

OGUM MATINATA = Defende os campos onde são feitas as oferendas para Oxalá, bastante comuns em colinas floridas. Não há muitos médiuns que conseguem tê-lo como Guia, pois é bastante difícil de incorporar. Suas cores são branca e vermelha, predominando mais o branco. Suas oferendas devem ser entregues em campos com muitas flores. Apesar de guardar as oferendas de Oxalá, não vibra diretamente com o mesmo.

OGUM IARA = Esta é a falange que trabalha nos rios, lagos e cachoeiras, grande colaborador de Oxum. Suas cores são branca e vermelha e também, algumas vezes, verde e vermelho, simbolizando a mata. Suas oferendas devem ser feitas em rios, lagos e cachoeiras.

OGUM DE LEI = Traz consigo a vibração pura de Ogum e trabalha para todo o planeta. É a própria Lei regendo os reajustes kármicos. Suas oferendas podem ser feitas em qualquer lugar do mundo, acrescida de uma vela oferecida ao tempo.


De acordo com o sincretismo católico Ogum corresponde a São Jorge no Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul e Santo Antônio na Bahia.

OBALUAIÊ / OMULÚ

O nome em iorubá Obàlúwàiyé é traduzido por (rei e senhor da terra), Oba (rei) aiyê (terra), Obaluaiyê, Obaluaê, Xapanã, Omolu, são alguns dos nomes como é conhecido esse Orixá

Obaluae na Umbanda representa a manifestação de Deus (Olorum) da renovaçao dos espíritos decaídos, resgatador da suas dívidas cármicas, na manifestação de Omulu trabalha como ceifador dos erros, é o regente dos cemitérios considerado o campo santo entre o mundo terrestre material e o mundo astral espiritual, trabalhando com muito amor na guia destes espíritos, tendo como servo exu caveira o guardião dos cemitérios. Obaluaie é o mistério da irradiação que plasma o espirito desencarnado em vias de reencarne, amoldando-o para o útero materno, propiciando assim uma nova via evolutiva.

Obaluaiê, o mais moço, é o guerreiro, caçador, lutador. Omulu, o mais velho, é o sábio, o feiticeiro, guardião. Porém, ambos têm a mesma regência e influência, significam a mesma coisa, têm a mesma ligação e são considerados a mesma força da natureza.

Divide com Oia-Iansã a regência dos cemitérios, pois é o orixá que vem como emissário de Oxalá (princípio ativo da morte), para buscar o espírito desencarnado. É ele que vai mostrar o caminho, servir de guia para aquele espírito. Obaluaiê também é o senhor da terra e das camadas do seu interior, para onde vamos todos nós. Daí sua ligação com os mortos, pois é ele quem vai cuidar do corpo sem vida. Também conhecido como Xapanã. Obaluaiê está presente no nosso dia-a-dia, quando sentimos dores, agonia, aflição, ansiedade. Está presente quando sentimos coceira e comichões na pele.

Saudação: "Atotô". Cores: branca e negra na UmbandaSincretizado com São Roque seu dia é festejado em 16 de Agosto, quando sincretizado com São Lázaro (mais comumente) é festejado em 17 de Dezembro. Dia da Semana: 2ª. feira

Os filhos de Omulu como pessoas que são incapazes de se sentirem satisfeitas quando a vida corre tranqüila para elas. Podem até atingir situações materiais e rejeitar, um belo dia, todas essas vantagens por causa de certos escrúpulos imaginários. São pessoas que, em certos casos, se sentem capazes de se consagrar ao bem-estar dos outros, fazendo completa abstração de seus próprios interesses e necessidades vitais

Em outra forma de extravasar seu arquétipo, um filho do Orixá , menos negativista, pode apegar-se ao mundo material de forma sôfrega, como se todos estivessem perigosamente contra ele, como se todas as riquezas lhe fossem negadas, gerando um comportamento obsessivo em torno da necessidade de enriquecer e ascender socialmente.

Os filhos deste Orixá são lentos, porém perseverantes. Firmes como uma rocha. Faltam-lhes espontaneidade e capacidade de adaptação, e por isso não aceita mudanças. São vingativos, crueéis e impiedosos quando ofendidos ou humilhados.



IANSÃ
Senhora da Tarde, Dona dos Espíritos, Carregadeira de Ebó, Senhora dos Ventos, Raios e das Tempestades. Esses e alguns outros são os nomes desta grande Orixá feminina. Rainha dos raios, dos ciclones, furacões, tufões, vendavais, é um orixá do fogo, guerreira e poderosa. Ela é a Mãe dos eguns (espíritos dos mortos), guia dos espíritos desencarnados, deusa dos cemitérios. É ela que servirá de guia, ao lado de Obaluaiê, para aquele espírito que se desprendeu do corpo. É ela que indicará o caminho a ser percorrido por aquela alma.

Mas sua essência é o movimento e o fogo, é o Orixá do raio. Esta relação com o movimento e o fogo faz de Iansã uma divindidade do sexo e do amor. E por ser mãe e rainha dos Eguns, é o único orixá que não tem medo dos mortos.

O TEMPERAMENTO DOS QUE TÊM OYÁ COMO ORIXÁ DE CABEÇA, costuma ser instável, exagerado, dramático em questões que, para outras pessoas não mereceriam tanta atenção e, principalmente, tão grande dispêndio de energia.

São do tipo Iansã, aquelas pessoas que podem ter um desastroso ataque de cólera no meio de uma festa, num acontecimento social, na casa de um amigo - e, o que é mais desconcertante, momentos após extravasar uma irreprimível felicidade, fazer questão de mostrar, à todos, aspectos particulares de sua vida.

Os Filhos de Iansã são atirados, extrovertidos e chocantemente diretos. Às vezes tentam ser maquiavélicos ou sutis, mas só detidamente. A longo prazo, um filho de Iansã sempre acaba mostrando cabalmente quais seus objetivos e pretensões. São muito ciumentos, possessivo, muitas vezes se mostrando incapazes de perdoar qualquer traição - que não a que ele mesmo faz contra o ser amado. Ao mesmo tempo, costumam ser amigos fiéis para os poucos escolhidos para seu círculo mais íntimo.

Na umbanda, o símbolo de Iansã é uma taça ou cálice e as contas usadas por seus filhos e filhas são amarelas. Ela é normalmente sincretizada com Santa Bárbara.



OXUM
Divindade das águas doces, Oxum é a padroeira da gestação e da fecundidade, recebendo as preces das mulheres que desejam ter filhos e protegendo-as durante a gravidez. Protege também, as crianças pequenas até que comecem a falar, sendo carinhosamente chamada de Mamãe por seus devotos. Oxum domina os rios e as cachoeiras, imagens cristalinas de sua influência: atrás de uma superfície aparentemente calma podem existir fortes correntes e cavernas profundas.
Fecundidade e fertilidade são por extensão, abundância e fartura e num sentido mais amplo, a fertilidade irá atuar no campo das idéias, despertando a criatividade do ser humano, que possibilitará o seu desenvolvimento. Oxum é o orixá da riqueza - dona do ouro, fruto das entranhas da terra. É alegre, risonha, cheia de dengos, inteligente, mulher-menina que brinca de boneca, é mulher-sábia, generosa e compassiva, nunca se enfurecendo. Elegante, cheia de jóias, é a rainha que nada recusa, tudo dá. Tem o título de iyalodê entre os povos iorubá: aquela que comanda as mulheres na cidade, arbitra litígios e é responsável pela boa ordem na feira.

Tudo que sai da boca dos filhos da Oxum deve ser levado em conta, pois eles têm o poder da palavra, ensinando feitiços ou revelando presságios.

Os filhos de Oxum amam espelhos, jóias caras, ouro, são impecáveis no trajar e não se exibem publicamente sem primeiro cuidar da vestimenta, do cabelo e, as mulheres, da pintura.As pessoas de Oxum são vaidosas, elegantes, sensuais, adoram perfumes, jóias caras, roupas bonitas, tudo que se relaciona com a beleza.

A filha de Oxum é das mulheres graciosas e elegantes, com paixão pelas jóias, perfumes e vestimentas caras. Das mulheres que são símbolo do charme e da beleza. Voluptuosas e sensuais, porém mais reservadas que as de Iansã. Elas evitam chocar a opinião publica, à qual dão muita importância. Sob sua aparência graciosa e sedutora, escondem uma vontade muito forte e um grande desejo de ascensão social. São boas donas de casa e companheiras. Seu maior defeito é o ciúme.

Os filhos (homens) de Oxum são mais discretos, pois, assim com apreciam o destaque social, temem os escândalos ou qualquer coisa que possa denegrir a imagem de inofensivos, bondosos, que constroem cautelosamente. A imagem doce, que esconde uma determinação forte e uma ambição bastante marcante.

Os filhos de Oxum têm tendência para engordar; gostam da vida social, das festas e dos prazeres em geral. Gostam de chamar a atenção do sexo oposto. Eles tendem a ter uma vida sexual intensa e significativa, mas diferente dos filhos de Iansã ou Ogum. Representam sempre o tipo que atrai e que é, sempre perseguido pelo sexo oposto. Aprecia o luxo e o conforto, são vaidosos, elegantes, sensuais e gostam de mudanças, podendo ser infiel. Costumam se envolver em intrigas.

Na verdade os filhos de Oxum são narcisistas demais para gostarem muito de alguém que não eles próprios, mas sua facilidade para a doçura, sensualidade e carinho pode fazer com que pareçam os seres mais apaixonados e dedicados do mundo.

Elas evitam chocar a opinião publica, à qual dão muita importância. Sob sua aparência graciosa e sedutora, escondem uma vontade muito forte e um grande desejo de ascensão social.

Ao analisarmos a Orixá Oxum, e nos reportarmos ao seu elemento (água) e a seu reino (cachoeiras e rios), encontramos os seguintes desdobramentos: • Oxum Iara - ou simplesmente Oxum – essência da Oxum. Sentimento, amor, concórdia, harmonia, união.

Oxum Marê – (não confundir com Oxumarê Orixá cultuado no Candomblé) - manifesta-se quando do encontro das águas de Oxum com as águas de Iemanjá. São as águas turbulentas. Em termos de significado e tradução para as nossas vidas, é o encontro do passado com o presente, de uma essência com a outra. Revisão de sentimentos (Oxum), turbulência de sentimentos (choque das duas águas), relacionados a nossa formação familiar (Iemanjá).

Oxum Diapandá – manifesta-se na superfície das águas salgadas (onde a água é menos salgada). Absoluta harmonia com Iemanjá. Na sua compreensão de atuação junto a nós, é quando após a revolução de sentimentos (Oxum Marê), nos acomodamos na placidez das águas superficiais, sem grande envolvimento de sentimentos profundos, mas mais voltados aos sentimentos e aspirações materiais.

Nas religiões afro-brasileiras é sincretizada com diversas Nossas Senhoras, na Bahia ela é tida como Nossa Senhora das Candeias ou Nossa Senhora dos Prazeres. No Sul do Brasil é muitas vezes sincretizada com Nossa Senhora da Conceição, enquanto no Centro-Oeste e Sudeste é associada ora a esta denominação de Nossa Senhora ora com Nossa Senhora Aparecida.
IEMANJÁ

Seu nome significa a mãe dos filhos-peixe. Tem seus domínios nas profundezas das águas, de onde emerge para atender seus devotos, principalmente as mulheres que atribuem a elas poderes que favorecem a fertilidade e a fecundidade. É maternal, sempre pronta para amamentar as crianças sob seu domínio.

Iemanjá, rainha do mar, é também conhecida por dona Janaína, a deusa do mar e protetora das mães e das esposas. Mãe Iemanjá, Senhora da calunga maior (mar).

Analisando a Orixá Iemanjá e nos reportando ao seu reino o mar, associamos sempre que quem mora perto do mar, nunca morre de fome, não é verdade? Por isso ela é a grande provedora dos bens materiais, a grande mãe, que nos dá o conforto, o alimento, além de ser representada pelo maior de todos os reinos, o mar. Soberania.

SINCRETISMO
Rio de Janeiro: Nossa Senhora da Glória comemorado em 15 de agosto. Em São Paulo, a maior comemoração é no dia 8 de dezembro, na Praia Grande.No Rio Grande do Sul a comemoração é no dia 2 de fevereiro, onde, Yemanjá é sincretizada com Nossa Senhora dos Navegantes. As cerimônias são comumente feitas à beira-mar, no litoral gaúcho. Também ocorrem em rios, como em Porto Alegre (Rio Guaíba). Em Santa Catarina é realizada anualmente no dia 2 de Fevereiro na Praia Central de Balneário Camboriú a Festa em Homenagem a Yemanjá.Na cidade de Salvador, capital da Bahia, tem lugar na praia do Rio Vermelho todo dia 2 de Fevereiro.

O ARQUÉTIPO DOS FILHOS DE IEMANJÁ
Os filhos de Iemanjá são fortes, altivos, rigorosos, algumas vezes impetuosos e arrogantes, facilmente irritáveis, mudam de humor de um instante para o outro; dificilmente perdoam os erros dos semelhantes e quando o fazem, não esquecem.
Maternais, amorosas, inteligentes, disponíveis, trabalhadoras, sensitivas, bonitas, corajosas, sutis, elegantes. Manhosas, choronas, faladeiras, nervosas, revoltadas, dissimuladas.

O tipo psicológico dos filhos é imponente, majestoso e belo, calmo, sensual, fecundo e cheio de dignidade e dotado de irresistível fascínio (o canto da sereia). Suas filhas de são boas donas de casa, educadoras pródigas e generosas. Não perdoam facilmente, quando ofendidas. São possessivas e muito ciumentas.

Têm o sentido da hierarquia, fazem-se respeitar e são justas, mas formais; põem à prova as amizades que lhes são devotadas. Sem possuírem a vaidade de Oxum, gostam do luxo, das fazendas azuis e vistosas, das jóias caras. Elas têm tendência à vida suntuosa mesmo se as possibilidades do cotidiano não lhes permitem um tal fausto.



NANÃ

É a deusa das chuvas, senhora da morte, e responsável pelos portais de entrada (reencarnação) e saída (desencarne). Protetora dos idosos, desabrigados, doentes e deficientes visuais.

Nana é a chuva e a garoa. O banho de chuva é uma lavagem do corpo no seu elemento, uma limpeza de grande força, uma homenagem a este grande orixá.

Nanã Buruquê representa a junção daquilo que foi criado por Deus. Ela é o ponto de contato da terra com as águas, a separação entre o que já existia, a água da terra por mando de Deus, sendo, portanto também sua criação simultânea a da criação do mundo.1. Com a junção da água e a terra surgiu o Barro. 2. O Barro com o Sopro Divino representa Movimento. 3. O Movimento adquire Estrutura. 4. Movimento e Estrutura surgiu a criação, O Homem.

Orixá que também rege a Justiça, Nanã não tolera traição, indiscrição, nem roubo. Por ser Orixá muito discreto e gostar de se esconder, suas filhas podem ter um caráter completamente diferente do dela. Por exemplo, ninguém desconfiará que uma dengosa e vaidosa aparente filha de Oxum seria uma filha de Nanã "escondida".

Nanã faz o caminho inverso da mãe da água doce. É ela quem reconduz ao terreno do astral, as almas dos que Oxum colocou no mundo real. É a deusa do reino da morte, sua guardiã, quem possibilita o acesso a esse território do desconhecido.

A senhora do reino da morte é, como elemento, a terra fofa, que recebe os cadáveres, os acalenta e esquenta, numa repetição do ventre, da vida intra-uterina. É, por isso, cercada de muitos mistérios no culto e tratada pelos praticantes da Umbanda com menos familiaridade que os Orixás mais extrovertidos como Ogum e Xangô, por exemplo.

Nanã forma par com Obaluaiê. E enquanto ela atua na decantação emocional e no adormecimento do espírito que irá encarnar, ele atua na passagem do plano espiritual para o material (encarnação), o envolve em uma irradiação especial, que reduz o corpo energético ao tamanho do feto já formado dentro do útero materno onde está sendo gerado, ao qual já está ligado desde que ocorreu a fecundação.Este mistério divino que reduz o espírito é regido por nosso amado pai Obaluaiê, que é o "Senhor das Passagens" de um plano para outro.

Já nossa amada mãe Nanã, envolve o espírito que irá reencarnar em uma irradiação única, que dilui todos os acúmulos energéticos, assim como adormece sua memória, preparando-o para uma nova vida na carne, onde não se lembrará de nada do que já vivenciou. É por isso que Nanã é associada à senilidade, à velhice, que é quando a pessoa começa a se esquecer de muitas coisas que vivenciou na sua vida carnal.

Portanto, um dos campos de atuação de Nanã é a "memória" dos seres. E, se Oxóssi aguça o raciocínio, ela adormece os conhecimentos do espírito para que eles não interfiram com o destino traçado para toda uma encarnação.

Em outra linha da vida, ela é encontrada na menopausa. No inicio desta linha está Oxum estimulando a sexualidade feminina; no meio está Yemanjá, estimulando a maternidade; e no fim está Nanã, paralisando tanto a sexualidade quanto a geração de filhos.

Nanã não roda na cabeça de homem, aliás, Nanã abomina a figura masculina, pois o homem, através do esperma, líquido que é símbolo de Oxalá, semeia o óvulo e gera uma nova vida.

Nanã é a morte que reside no âmago da vida, que possibilita o renascimento. A vida e tudo que a representa - o esperma (homem) e o sangue - são considerados tabus para Nanã.

Esta Deusa tanto pode trazer riquezas como miséria. Está relacionada, ainda, ao uso das cerâmicas, momento em que o homem começa a desenvolver cultura. Os búzios, que simbolizam morte por estarem vazios e fecundidade porque lembram os órgãos genitais femininos, também pertencem a Nanã. Entretanto, o símbolo que melhor sintetiza o caráter de Nanã é o "grão", pois ela possui o domínio da agricultura e todo "grão" tem que morrer para germinar.

É conhecida também por: Bukuú (Togo), Naná Buluku (Benin, ex-Daomé), Borokô (candomblés de caboclo), Tobossi (fantiashanti), Kerê-Kerê (Angola e Congo) e mais as variantes Naná, Nanã, Nanã Buruquê, Buruku, Ananburuquê, Anaburuku, Naná Buku, Naná Brukung e, na língua yoruba como Nanã Buruiku.

No sincretismo afro-católico ela é equiparada à Sant'Ana, mãe da Virgem Maria e avó de Jesus Cristo.

ARQUÉTIPO DOS FILHOS
Uma pessoa que tenha Nanã como Orixá de cabeça, pode levar em conta principalmente a figura da avó: carinhosa às vezes até em excesso, levando o conceito de mãe ao exagero, mas também ranzinza, rancorosa e preocupada com detalhes, com forte tendência a sair censurando os outros, são daquelas que guardam tudo. Não tem muito senso de humor, o que a faz valorizar demais pequenos incidentes e transformar pequenos problemas em grandes dramas. Ao mesmo tempo, tem uma grande capacidade de compreensão do ser humano, como se fosse muito mais velha do que sua própria existência.

Às vezes porém, exige atenção e respeito que julga devido, mas não obtido dos que a cercam. Não consegue entender como as pessoas cometem certos enganos triviais, como optam por certas saídas que para um filho de Nanã são evidentemente inadequadas. É o tipo de pessoa que não consegue compreender direito as opiniões alheias, nem aceitar que nem todos pensem da mesma forma que ela.

Suas reações bem equilibradas e a pertinência das decisões, mantém-nas sempre no caminho da sabedoria e da justiça.

Todos esses dados indicam também serem os filhos de Nanã, um pouco mais conservadores que o restante da sociedade, desejarem a volta de situações do passado, modos de vida que já se foram.

Querem um mundo previsível, estável ou até voltando para trás: são aqueles que reclamam das viagens espaciais, dos novos costumes, da nova moralidade, etc.

Quanto à dados físicos, são pessoas que envelhecem rapidamente, aparentando mais idade do que realmente têm. São pessoas lentas no exercício de seus afazeres, julgando haver tempo para tudo, como se o dia fosse durar uma eternidade. Muito afeiçoadas às crianças, educam-nas com ternura e excesso de mansidão, possuindo tendência a se comportar com a indulgência das avós.

Suas filhas são pouco feminina, não tem maiores atrativos e é muito afastada da sexualidade. Por medo de amar e de ser abandonada e sofrer, ela dedica sua vida ao trabalho, à vocação, à ambição social.

NANÃ E HÉCATE
Nanã é também uma Deusa da Lua Escura que muito se assemelha a Hécate nas funções de regente dos processos misteriosos da vida e da morte, das passagens difíceis da vida e da entrada nos caminhos árduos da transformação. A nível psíquico, essas passagens não podem ser eliminadas do curso normal da vida. Nanã, assim como Hécate é a Deusa Terra primordial que dá nascimento às sementes e acolhe em seu seio os mortos. Tanto pode dar vida como a morte, seqüências da mesma realidade. É ainda, Dona da sabedoria e da justiça, que vem da natureza e a sua lei é implacável.


Umbanda, quem és?

Sou a fuga para alguns, a coragem para outros.


Sou o tambor que ecoa nos terreiros, trazendo o som das selvas e das senzalas.

Sou o cântico que chama ao convívio seres de outros planos.

Sou a senzala do Preto Velho, a ocara do Bugre, a cerimônia do Pajé, a encruzilhada do Exu, o jardim da Ibejada, o nirvana do Indu e o céu dos Orixás.

Sou o café amargo e o cachimbo do Preto Velho, o charuto do Caboclo e do Exu; o cigarro da Pombo-Gira e o doce do Ibeje.

Sou gargalhada da Padilha, o requebro da Cigana, a seriedade do Tranca-Rua.

Sou o sorriso e a meiguice de Maria Conga, Cambinda e Maria do Congo a traquinada do Zequinha e a sabedoria do Sete Flechas.

Sou o fluído que se desprende das mãos do médium levando a saúde e a paz.

Sou o isolamento dos orientais onde o mantra se mistura ao perfume suave do incenso.

Sou o Templo dos sinceros e o teatro dos atores. Sou livre. Não tenho Papas.

Sou determinada e forte.

Minhas forças? Elas estão no homem que sofre e que clama por piedade, por amor, por caridade.

Minhas forças estão nas entidades espirituais que me utilizam para seu crescimento.

Estão nos elementos. Na água, na terra, no fogo e no ar; na pemba, na tuia, na mandala do ponto riscado.

Estão finalmente na tua crença, na tua Fé, que é o elemento mais importante na minha alquimia.

Minhas forças estão em ti, no teu interior, lá no fundo na última partícula da tua mente, onde te ligas ao Criador.

Quem sou?

Sou a humildade, mas cresço quando combatida.

Sou a prece, a magia, o ensinamento milenar, sou cultura.

Sou o mistério, o segredo, sou o amor e a esperança.

Sou a cura.

Sou de ti.

Sou de Deus.

Sou Umbanda. Só isso.

Sou Umbanda.
Elcyr Barbosa